Revista Vento e Água – Feng Shui Lifestyle | nº7 – Agosto, 2018

 

A casa é muito mais do que o lugar onde moramos, é o lar terreno para a nossa alma. E saber harmonizar este espaço é saber cuidar de nós, trazendo segurança, nutrição e alegria ao nosso quotidiano.

Segundo Rumer Godden as nossas casas têm 4 divisões: uma física, uma mental, uma emocional e outra espiritual. De acordo com este autor, o que acontece é que a maioria de nós tende a viver a maior parte do tempo em apenas uma destas divisões e, a menos que entremos em todas as “divisões” – ou dimensões – não conseguimos ser uma pessoa completa. 

O ideal é que sejamos capazes de harmonizar os nossos ambientes envolventes por meio do Feng Shui, mas também as nossas “divisões” interiores por meio do autoconhecimento, pensamentos e ações para chegarmos à plenitude que buscamos: desde a nossa casa física à nossa casa interior.

No meu entender isto vai ao encontro do sagrado feminino, uma vez que “ser casa” está diretamente relacionado com a energia Yin. No sagrado feminino as Deusas são vistas como arquétipos, e quando nos conhecemos desta forma, ganhamos a possibilidade de compreender todas as nossas “divisões” para nos tornarmos pessoas mais completas: conseguimos compreender a força dos nossos instintos, o porquê das nossas prioridades e habilidades e podemos encontrar mais significado nas escolhas que fazemos.

Para a Deusa Hestia, por exemplo, a casa é um lugar onde o corpo, o espírito e os relacionamentos são nutridos e reabastecidos após a exposição ao mundo, e para mim está intimamente ligada ao Feng Shui.

Através dela trazemos o calor a uma casa, tanto em temperatura como em emoções. A Hestia ajuda-nos a adquirir um sentimento de harmonia conforme executamos as tarefas diárias. Contudo, para encontrarmos o nosso equilíbrio interior e nos sentirmos completos, não devemos esquecer o que as outras Deusas nos ensinam: o foco de Atenas, o lado instintivo de Diana, a introspecção de Perséfone, o lado maternal de Deméter, a sensualidade de Afrodite e o poder pessoal de Hera. Tudo junto sim, em harmonia e proporções divinas, e com respeito ao que somos naturalmente.

Mas tudo isto leva tempo, é um processo que em primeiro lugar passa por identificar os sintomas que nos impedem de sermos quem nós somos verdadeiramente. Através do sagrado feminino ganhamos maior respeito por nós mesmos e damo-nos permissão para dissolver as nossas resistências e abraçar as nossas imperfeições e desorganizações.

Em segundo lugar o passo será libertar, da casa e da vida. E quando se liberta algo, é possível que novas coisas aconteçam. A presença para nos escutar, compreender e abrir espaço para nós é uma das permissas do sagrado feminino.

Por último criar um espaço que nos cura, protege e permite expressar o que nós somos de verdade. Não tem de ser um espaço perfeito, deve ser um espaço que, por um lado preenche as nossas necessidades, mas que ao mesmo tempo sustenta a nossa vida.

No trabalho que realizo noto que as pessoas sentem o chamamento de aprender mais sobre Feng Shui e sobre como aplicar estes conceitos na prática do dia a dia, mas por outro lado há uma energia feminina que é despertada.

De facto o Feng Shui é uma sabedoria ancestral muito abrangente e nada melhor do que de ser vivida e experienciada na prática.

O meu conselho é que sejas gentil contigo mesma, mas começa por algum lado. A descoberta do que as tuas divisões revelam sobre o teu interior pode ser um excelente começo para aprender mais sobre ti e integrar o teu divino. 

Artigo para a revista Vento e Água, Feng Shui Lifestyle nº7

Esta é uma revista da qual sou co-fundadora e surgiu com o objectivo de expandir a arte do Feng Shui em Portugal. Está disponível para ser enviada por correio ou em pdf num pack com todas as edições editadas até ao momento. Fala connosco!

Boas Leituras!